Alguém me amordace, por favor.

Que eu tô com uma vontade louca de comer doce.

Rituais de uma grávida.

Manhã:
- Passar óleo de amêndoas na barriga, cintura, quadris e seios.
- Após o banho, untar o corpo com hidratante normal e a região entre os seios e o quadril com Mater Skin, que é caro pra cacete.
- Como não pretendo competir com Helô no quesito quem chora mais, passar um creme supermegapower nos seios para enrijecer a pele e minimizar os efeitos desastrosos da futura amamentação.
- Antes de trocar de roupa, colocar aquela delícia que atende pelo nome de meias Kendall.
- Colocar uma calça de gestante que não aperte muito a cintura nem o baixo ventre e tentar se convencer que seu marido vai continuar te achando sexy.
- Passar protetor solar para evitar as famosas manchas nas maçãs do rosto.
- Priorizar o consumo de leites, sucrilhos, iogurte, frutas e pão integral.
- Levar uma fruta ou uma barrinha de cereais para o trabalho.

Tarde:
- Independente do cardápio, não deixar de consumir feijão, carne, verduras e legumes.
- Suco só de frutas e com adoçante (apenas Stévea ou Linea).
- Fruta, de preferência, cítrica pra facilitar a ingestão do ferro.
- Antes de sair para o trabalho, reaplicar o protetor solar.
- Levar uma barrinha de cereais e um biscoito integral para o lanche.
- Lembrar de tomar o ácido fólico (para quem já esquecia de tomar a pílula, heim?).

Noite:
- Priorizar o consumo de raízes, que são carboidratos compostos.
- Consumir proteínas (leite, queijo, ovos).
- Consumir torradas integrais e frutas no lanche.
- Repetir os rituais do banho matinal.
- Colocar um top resistente porque, sabe como é, amizade, a lei da gravidade é bem cruel depois da gravidez.
- Assistir programas leves, já que ninguém quer um filho psicopata por aí.
- Colocar um travesseiro embaixo dos pés para ajudar a nossa amiga circulação a não criar patas de elefante.
- Deitar, sempre, do lado esquerdo pelos mesmos motivos do item anterior.

Sempre:
- Carregar, para todos os lados, um copo ou uma garrafinha de água, que além de minimizar os efeitos dos inchaços e das estrias, é muito saudável para o bebê.
- Fazer, pelo menos, 10 xixis por dia.
- Tomar banho de sol na varanda de casa também vale para deixar a pele do seio mais grossa, mas se o maridão não curtir a ideia de ver sua mulher virar índia, uma boa luminária 5 minutos em cada peito também rola.
- Sempre que estiver deitada, levantar de lado e nunca de frente, para não forçar o baixo ventre.
- Evitar, a todo custo, gorduras, frituras, conservas e doces (diabetes gestacional não é brincadeira não, minha gente).
- Não dar atenção a sua mãe quando ela disser "gravidez não é doença". Lembre-se que na época dela, mulheres engravidavam com 20 anos e não na casa dos 30, e você, com essa idade, apesar das belezas da fase, não é mais uma menina cheia de energia. Então, fuja dos trabalhos pesados e dos esforços. Coloque o orgulho de lado e use o maridão sem parcimônia.
- A partir do terceiro trimestre, ande sempre com um pouquinho de sal, que sua pressão tende a cair nesta fase.


Ufa.
Isso é apenas uma amostra dos cuidados que uma mulher da categoria das prenhas deve ter. Apesar disso tudo, eu juro que é uma delícia. Tenha fé, colega.

Nosso primeiro grande show em família.



A gente foi pego de surpresa. Em menos de um mês, e numa época do mais franco liseu, tínhamos que decidir ir ou não pro show de Paul McCartney. Era um sonho antigo que, devido ao meu momento barriga, ganhou um significado todo especial. Helô se comportou muito bem durante toda a viagem. Não rolou mal estar, cansaço, inchaços, dores nem nada que comprometesse o evento ou a saúde da nossa meninota. Muito pelo contrário. Como tudo conspirava para que a pequena fizesse parte desse momento histórico, ficamos, o tempo inteiro, com a abençoada companhia de dois amigos obstetras e um cardiologista. Os três à paisana, porque estavam lá por causa de Paul e da cerveja, mas sempre atentos comigo e com Helô.

A arquibancada especial, apesar de distante, nos garantiu conforto, segurança, tranquilidade e pezinhos para cima nas horas mais críticas. Além de uma visão privilegiada do estádio e do veinho McCartney, claro. Eu gritei e chorei tudo que tinha direito, só não pulei porque fiquei preocupada com a barriga, mas garanto que vontade não faltou. Serginho cuidou de nós com todo amor de um pai apaixonado por suas duas mulheres, zelando por nossa alimentação e acomodação, e Helô ficou muito tranquila ali no seu camarote exclusivo.

Fora toda emoção do show e de ver aquele que foi um dos meus ídolos de adolescência, o que espero que também vire inspiração para nossa pequenina, o final de semana foi marcado por um fato à parte, mas não de menor importância: Helô deu os seus primeiros sinais de vida. Não foram pulos, chutes ou nada que fosse visto ou percebido externamente, mas pequenas bolhinhas internas, incômodos momentâneos na costela, inchaços instantâneos em um determinado lado da cintura e movimentos sutis, como se um pequeno peixe estivesse passeando por minha barriga.

Não sei se tudo isso fez parte de um calendário biológico já previsto em livros de gestante ou foi ela, assim como nós, emocionada com Paul, mas o fato é que esse final de semana não vai sair da nossa memória e garanto que vamos fazer de tudo para que também faça parte da dela. Até porque sei que ela estava lá, escutando cada acorde do mais melódico dos Beatles. E no futuro, quando ela perceber a importância deles na sua vida, vai entender o porquê.

A foto é do talentoso Filipe Oliveira e sua máquina mágica.

Ontem eu sonhei com a minha meninota.

Ela já estava com cerca de um ano, nem tenho certeza se era isso mesmo porque nunca soube sacar muito bem a relação idade x tamanho, e aparentava ser uma criança de sorriso fácil como eu acho que todas deveriam ser. No sonho também estavam Artur (filho de Natacha e Marcelo) e uma menina loirinha de longos cabelos cacheados que imagino ser Anabel (filha de Ivis e Chaps).

Lembro ter olhado para ela com muita insistência para tentar reconhecer seus traços. Foi quando notei o cabelinho liso, com franja, de cor castanha, sem nenhuma voltinha sequer. Ok, nada de cachos, não é? Bem, então vamos aos olhos. Eles era pequeninos, apertados, como os do pai. Até a cor da pele não era a minha, mais para branca do que para morena. Heloísa era a cópia descaradamente feminina de uma foto de Serginho quando era pequeno. Danou-se, Helô. Nada em você é meu além do sobrenome? Custava ter colaborado um pouquinho na minha perpetuação?



Nem nasceu e essa menina já tá me contrariando.
=)

Dica de um site para grávidas.

"Para não ficar com os pés inchados, coloque uma meia-calça com alguma compressão antes mesmo de sair da cama de manhã para prevenir que o sangue se acumule ao redor dos tornozelos." Certo, minha tia. E ninguém toma banho depois que acorda não, é?

Momento Phoebe.

Como a minha barriga tá ficando redondex, tô começando a tirar onda com a situação. Coloco umas blusinhas mais apertadas, pra evidenciar o bucho, e testemunho a cara das pessoas que não sabem do fato com aquele ar de "pergunto ou não pergunto?". Ainda mais porque, diferente de muitas barrigas, a minha não é pontuda, e a primeira coisa a crescer, na verdade, foi a largura da minha cintura.

Ontem mesmo presenciei dois momentos distintos: um com uma cliente durante uma reunião de trabalho e outro com um casal de amigos no Pão de Açúcar. Foi engraçado ver o olhinho deles percorrendo o caminho do rosto até a minha barriga como se eu não estivesse notando. Parece que você está pelada ou com um decote ofensivo, porque o desconcerto é batata. O meu não, claro, o dos outros.

Aí, a vontade é de sustentar a conversa e soltar umas pistas, como aquela leve alisadinha na barriga ou a mãozinha nos quartos, até surgir um "nossa, você está grávida". Uma tentação para o meu espírito de porco devolver com um constrangido "não..." e deixar o sujeito na maior saia justa. Ainda não tive coragem, mas das próximas vezes não respondo por mim.



A foto é do Flickr de Nabaz.

Mamãe eu quero mamar.

Meus peitos crescem mais rápido que minha barriga. Acho que minha filha vai nascer pelo mamilo.

Let's dance.

Ou a baby gosta muito de música ou detesta. Digo isso por três episódios em épocas diferentes que desaguaram no mesmo sintoma: enjoo.

Primeiro foi no Coquetel, durante o show do Dinossaur Jr. Eu estava com dois meses e parará. Para quem foi é fácil lembrar da muralha de aplificadores que ficava na retaguarda das guitarras e da raquetada no pé do ouvido quando começou a primeira música. O show terminou com a mãe ligeiramente surda e a barriga latejando. Coincidência ou não, fui da platéia direto para o banheiro com vontade de vomitar.

O segundo episódio foi sábado passado, no Acre. Rolou uma festinha-inferninho, que eu adoro, com set list de Haymone, Cecília e Tarta, que eu adoro. No começo estava tudo lindo, ao ponto de eu arriscar uma latinha inocente de Skol para dar um brilho a mais na alegria da moçada. Eis que o lugar encheu ao ponto de eu não conseguir mais respirar e nem ficar em pé sem que uma gota de suor não escorresse pela minha coxa. A barriga pulou, ficou rígida e levemente dolorida. Desci para levar um ventinho na Aurora com a esperança de poder voltar. Ali mesmo, com David Bowie saindo pela janela, sentada em um romântico banquinho de madeira às margens do Capibaribe, eu coloquei para fora todo o jantar do aniversário da minha sogra.

O terceiro momento foi em casa. Sempre que posso, coloco fones de ouvido na barriga pra Helô ir se familiarizando com o gosto musical dos pais. Na manhã desta terça, acompanhada de uma tigela de sucrilhos com iogurte, sentei confortavelmente no meu sofá e coloquei Harrison pra embalar minha filhota. All Things Must Pass, pessoal. Aquela coisa, né? Felicidade, hare-hare, gospel, amor, poesia e tudo mais. Depois de umas dez músicas, a barriga deu um salto, endureceu e o café da manhã, que mal tinha entrado, já estava pedindo pra sair.



Então, filha, é bom que tudo isso seja porque você gosta das músicas que papai e mamãe curtem e o sacolejado seja você dançando na placenta. Porque, se for pra ouvir pagode, forró eletrônico, sertanejo ou tecnobrega (nem venham, que brega cabeça é ruim do mesmo jeito), vou te mandar pro convento.

A foto é da já recorrente neste sítio Elle Moss.

Béubéu.



Ontem, Helô recebeu a primeira visita de sua futura amiguinha de farras, de play ground, de aulas de natação, de jogos do santinha e, se tudo der certo, de sala de aula. Anabel levou o seu sorriso calmo e sereno, característico dos pais, além heranças valiosas do seu armário.

Como eu e Seginho somos tios meio fajutas, não registramos o momento, mas estou postando uma foto da pequena, roubada, descaradamente, do blog da mãe.