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Nosso primeiro grande show em família.



A gente foi pego de surpresa. Em menos de um mês, e numa época do mais franco liseu, tínhamos que decidir ir ou não pro show de Paul McCartney. Era um sonho antigo que, devido ao meu momento barriga, ganhou um significado todo especial. Helô se comportou muito bem durante toda a viagem. Não rolou mal estar, cansaço, inchaços, dores nem nada que comprometesse o evento ou a saúde da nossa meninota. Muito pelo contrário. Como tudo conspirava para que a pequena fizesse parte desse momento histórico, ficamos, o tempo inteiro, com a abençoada companhia de dois amigos obstetras e um cardiologista. Os três à paisana, porque estavam lá por causa de Paul e da cerveja, mas sempre atentos comigo e com Helô.

A arquibancada especial, apesar de distante, nos garantiu conforto, segurança, tranquilidade e pezinhos para cima nas horas mais críticas. Além de uma visão privilegiada do estádio e do veinho McCartney, claro. Eu gritei e chorei tudo que tinha direito, só não pulei porque fiquei preocupada com a barriga, mas garanto que vontade não faltou. Serginho cuidou de nós com todo amor de um pai apaixonado por suas duas mulheres, zelando por nossa alimentação e acomodação, e Helô ficou muito tranquila ali no seu camarote exclusivo.

Fora toda emoção do show e de ver aquele que foi um dos meus ídolos de adolescência, o que espero que também vire inspiração para nossa pequenina, o final de semana foi marcado por um fato à parte, mas não de menor importância: Helô deu os seus primeiros sinais de vida. Não foram pulos, chutes ou nada que fosse visto ou percebido externamente, mas pequenas bolhinhas internas, incômodos momentâneos na costela, inchaços instantâneos em um determinado lado da cintura e movimentos sutis, como se um pequeno peixe estivesse passeando por minha barriga.

Não sei se tudo isso fez parte de um calendário biológico já previsto em livros de gestante ou foi ela, assim como nós, emocionada com Paul, mas o fato é que esse final de semana não vai sair da nossa memória e garanto que vamos fazer de tudo para que também faça parte da dela. Até porque sei que ela estava lá, escutando cada acorde do mais melódico dos Beatles. E no futuro, quando ela perceber a importância deles na sua vida, vai entender o porquê.

A foto é do talentoso Filipe Oliveira e sua máquina mágica.

Let's dance.

Ou a baby gosta muito de música ou detesta. Digo isso por três episódios em épocas diferentes que desaguaram no mesmo sintoma: enjoo.

Primeiro foi no Coquetel, durante o show do Dinossaur Jr. Eu estava com dois meses e parará. Para quem foi é fácil lembrar da muralha de aplificadores que ficava na retaguarda das guitarras e da raquetada no pé do ouvido quando começou a primeira música. O show terminou com a mãe ligeiramente surda e a barriga latejando. Coincidência ou não, fui da platéia direto para o banheiro com vontade de vomitar.

O segundo episódio foi sábado passado, no Acre. Rolou uma festinha-inferninho, que eu adoro, com set list de Haymone, Cecília e Tarta, que eu adoro. No começo estava tudo lindo, ao ponto de eu arriscar uma latinha inocente de Skol para dar um brilho a mais na alegria da moçada. Eis que o lugar encheu ao ponto de eu não conseguir mais respirar e nem ficar em pé sem que uma gota de suor não escorresse pela minha coxa. A barriga pulou, ficou rígida e levemente dolorida. Desci para levar um ventinho na Aurora com a esperança de poder voltar. Ali mesmo, com David Bowie saindo pela janela, sentada em um romântico banquinho de madeira às margens do Capibaribe, eu coloquei para fora todo o jantar do aniversário da minha sogra.

O terceiro momento foi em casa. Sempre que posso, coloco fones de ouvido na barriga pra Helô ir se familiarizando com o gosto musical dos pais. Na manhã desta terça, acompanhada de uma tigela de sucrilhos com iogurte, sentei confortavelmente no meu sofá e coloquei Harrison pra embalar minha filhota. All Things Must Pass, pessoal. Aquela coisa, né? Felicidade, hare-hare, gospel, amor, poesia e tudo mais. Depois de umas dez músicas, a barriga deu um salto, endureceu e o café da manhã, que mal tinha entrado, já estava pedindo pra sair.



Então, filha, é bom que tudo isso seja porque você gosta das músicas que papai e mamãe curtem e o sacolejado seja você dançando na placenta. Porque, se for pra ouvir pagode, forró eletrônico, sertanejo ou tecnobrega (nem venham, que brega cabeça é ruim do mesmo jeito), vou te mandar pro convento.

A foto é da já recorrente neste sítio Elle Moss.

4 meses.

Para quem pensa em engravidar, eu vou logo dizendo: essa fase é sensacional. Os enjôos, os cansaços excessivos, os abusos e as neuroses já passaram. O bucho começa a aparecer ao ponto de você não ficar constragida em entrar numa fila preferencial. As pessoas já olham para você não como uma gorda, mas como uma grávida, e você começa a desfrutar do prazer, inlcusive, daquela alisadinha marota na barriga com óleo de amêndoas durante o banho. À noite, a situação complica um pouco, porque depois do jantar bate um banzo fenomenal. E como o sofá da gente não é um dos mais confortáveis do mundo, levando-se em conta que por orientações médicas sempre deito virada para o lado esquerdo, levanto, com frenquência, cheia de dor nos quartos. De resto, tá tudo lindo.



Já comecei aqueles rituais de grávida, muito prazeros, por sinal. Coloco fones de ouvido com o set list pessoal dos pais na barriga pra Helô não correr o risco de gostar de pagode quando crescer, leio livrinhos leves em voz alta e converso com ela com uma certa regularidade. Já serginho, todas as noites, bate altos papos com meu umbigo, com direito a palavras doces, beijos e declarações de amor. Com a barriga redondinha e sem o famigerado bucho-quebrado-de-mulher-que-limpa-parabrisas-no-sinal, tão característico do começo da gravidez, também rola começar a usar aquelas calças de cintura superbaixa, que acompanhadas de uma blusinha mais justa, colar e rasteirinhas (ou um all star velho de guerra), confere a qualquer caminhada até o trabalho um glamour diferente.

Não ter do que reclamar nessa fase soa até meio monótono, mas se a gravidez inteira fosse assim, acho que eu viveria grávida.

Tá, esqueci a abstinência da cerveja. Então, retiro o que disse.