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Peso na consciência.

Tranquila com a silhueta fina que vem me acompanhando a gravidez inteira, enfiei o pé nos doces nas últimas 3 semanas. Resultado? Uma barriga gigante, quilos a menos pra mim e outros a mais pra piolha. São 9,5kg adquiridos por mim em 37 semanas e 3,3kg por Helô, no mesmo período. Gorda, ela não está. Mas libriana boa que sou, não dou margem para o azar. De modos que os doces estão devidamente cortados até ela nascer. E tenho dito.

Falei cedo demais.

Primeira lição de uma mãe recente: não deixe a vaidade ser mais importante que o seu filho. Eu, que estava me exibindo tanto em relação à tranquilidade da minha gestação, sem inchaços, anemia, riscos de diabetes, problemas de pré-eclâmpsia ou ganho de peso excessivo, caí do cavalo.

Nos últimos dias, minha pressão historicamente baixa, associada a uma taquicardia, tem causado situações recorrentes de desmaio iminente. Ainda não sei a quê isso está associado (coração, pressão baixa, cansaço, algo na alimentação), mas se for diagnosticada taquicardia mesmo, vou precisar tomar um remédio aí até o final da gravidez. Nada que traga problemas pra mim ou pra Helô, então continuo firme na minha tranquilidade habitual.

O único risco é deste episódio acontecer comigo sozinha em casa e ele se transformar, efetivamente, em um desmaio. Pra tentar evitar, consegui realizar a proeza de marcar uma urgência amanhã, com o cardiologista da minha irmã (que sofreu da mesma bronca, mas em escala maior, durante a sua gravidez). Vamos torcer para ser só isso, então.

Morfológica.

Fiz, nessa terça-feira, o segundo exame mais temido pelas mães. Qual o diagnóstico? Uma menina linda (ok, só dá pra ver a caveirinha, mas licença poética existe pra isso), com todos os órgãos, ossos, dedos, mãos e pés no lugar. Ela está com meio quilo e daqui pro final do mês deve dobrar de tamanho (ai, minhas costelas).

Mas como nem tudo são flores, a obstetra identificou insuficiência de Vitamina D entre as minhas taxas, o que pode estar dificultando a ingestão de cálcio. Ela passou um complemento num-sei-das-quantas aí e me disse para pegar um solzinho, durante 15 minutos, todos os dias, até nove da matina. Como ainda não deu pra começar a hidro, vou fazer o que em um ano e meio de Ed. Beira Rio não tive coragem: expor minha desiree para a vizinha.

Tudo por amor, néam?

Estação Primeira de Mangueira.

Ontem fui à médica, abre parênteses para a querida Doutora Gisela, minha anja da guarda. Cheguei com as pernas tremendo, porque na consulta anterior eu tinha engordado mais do que deveria, apesar de ainda estar no limite do saudável. Subi na balança e foi só sucesso. Em 5 meses e meio eu aumentei, exatamente, 5 quilos e meio. Uma média de um quilo por mês, resultado de muita água, massa integral, diminuição do sódio e frutas e verduras a valer. E olhe que estou longe de ser uma pessoa disciplinada, muito pelo contrário. Qualquer coisa que soe, mesmo que de longe, um leve sopro de obrigação me causa urticárias.

E está tudo lindo. Taxas sensacionais, barriga de tamanho saudável, batimentos cardíacos (meus e de Helô) num ritmo bacana, inchaços raros, cansaço zero. Às vezes dá uma tontura ou outra e um ensaio de desmaio resultado de uma queda repentina de pressão, mas até isso a dotôra disse que está trabalhando a meu favor. Minha pressão, historicamente baixa, está se mantendo nesta medida mesmo durante a gravidez, o que Gisela disse ser uma excelente notícia para afastar o mau agouro da pré-eclâmpsia.



Mas pra não dar chances pro azar, esse mês eu começo a hidro (nossa senhora do bom sono me ajude a acordar cedo) e, mês que vem, a drenagem e a fisioterapia para gestantes, que estão sendo adiados por falta de um certo que garanta a frequência até o final da gravidez.

Então, Helô, faça a sua parte e venha bem linda e saudável, que mamãe está cortando um dobrado pra fazer a dela.

A fota é de Aniela.

Alguém me amordace, por favor.

Que eu tô com uma vontade louca de comer doce.

Rituais de uma grávida.

Manhã:
- Passar óleo de amêndoas na barriga, cintura, quadris e seios.
- Após o banho, untar o corpo com hidratante normal e a região entre os seios e o quadril com Mater Skin, que é caro pra cacete.
- Como não pretendo competir com Helô no quesito quem chora mais, passar um creme supermegapower nos seios para enrijecer a pele e minimizar os efeitos desastrosos da futura amamentação.
- Antes de trocar de roupa, colocar aquela delícia que atende pelo nome de meias Kendall.
- Colocar uma calça de gestante que não aperte muito a cintura nem o baixo ventre e tentar se convencer que seu marido vai continuar te achando sexy.
- Passar protetor solar para evitar as famosas manchas nas maçãs do rosto.
- Priorizar o consumo de leites, sucrilhos, iogurte, frutas e pão integral.
- Levar uma fruta ou uma barrinha de cereais para o trabalho.

Tarde:
- Independente do cardápio, não deixar de consumir feijão, carne, verduras e legumes.
- Suco só de frutas e com adoçante (apenas Stévea ou Linea).
- Fruta, de preferência, cítrica pra facilitar a ingestão do ferro.
- Antes de sair para o trabalho, reaplicar o protetor solar.
- Levar uma barrinha de cereais e um biscoito integral para o lanche.
- Lembrar de tomar o ácido fólico (para quem já esquecia de tomar a pílula, heim?).

Noite:
- Priorizar o consumo de raízes, que são carboidratos compostos.
- Consumir proteínas (leite, queijo, ovos).
- Consumir torradas integrais e frutas no lanche.
- Repetir os rituais do banho matinal.
- Colocar um top resistente porque, sabe como é, amizade, a lei da gravidade é bem cruel depois da gravidez.
- Assistir programas leves, já que ninguém quer um filho psicopata por aí.
- Colocar um travesseiro embaixo dos pés para ajudar a nossa amiga circulação a não criar patas de elefante.
- Deitar, sempre, do lado esquerdo pelos mesmos motivos do item anterior.

Sempre:
- Carregar, para todos os lados, um copo ou uma garrafinha de água, que além de minimizar os efeitos dos inchaços e das estrias, é muito saudável para o bebê.
- Fazer, pelo menos, 10 xixis por dia.
- Tomar banho de sol na varanda de casa também vale para deixar a pele do seio mais grossa, mas se o maridão não curtir a ideia de ver sua mulher virar índia, uma boa luminária 5 minutos em cada peito também rola.
- Sempre que estiver deitada, levantar de lado e nunca de frente, para não forçar o baixo ventre.
- Evitar, a todo custo, gorduras, frituras, conservas e doces (diabetes gestacional não é brincadeira não, minha gente).
- Não dar atenção a sua mãe quando ela disser "gravidez não é doença". Lembre-se que na época dela, mulheres engravidavam com 20 anos e não na casa dos 30, e você, com essa idade, apesar das belezas da fase, não é mais uma menina cheia de energia. Então, fuja dos trabalhos pesados e dos esforços. Coloque o orgulho de lado e use o maridão sem parcimônia.
- A partir do terceiro trimestre, ande sempre com um pouquinho de sal, que sua pressão tende a cair nesta fase.


Ufa.
Isso é apenas uma amostra dos cuidados que uma mulher da categoria das prenhas deve ter. Apesar disso tudo, eu juro que é uma delícia. Tenha fé, colega.

Let's dance.

Ou a baby gosta muito de música ou detesta. Digo isso por três episódios em épocas diferentes que desaguaram no mesmo sintoma: enjoo.

Primeiro foi no Coquetel, durante o show do Dinossaur Jr. Eu estava com dois meses e parará. Para quem foi é fácil lembrar da muralha de aplificadores que ficava na retaguarda das guitarras e da raquetada no pé do ouvido quando começou a primeira música. O show terminou com a mãe ligeiramente surda e a barriga latejando. Coincidência ou não, fui da platéia direto para o banheiro com vontade de vomitar.

O segundo episódio foi sábado passado, no Acre. Rolou uma festinha-inferninho, que eu adoro, com set list de Haymone, Cecília e Tarta, que eu adoro. No começo estava tudo lindo, ao ponto de eu arriscar uma latinha inocente de Skol para dar um brilho a mais na alegria da moçada. Eis que o lugar encheu ao ponto de eu não conseguir mais respirar e nem ficar em pé sem que uma gota de suor não escorresse pela minha coxa. A barriga pulou, ficou rígida e levemente dolorida. Desci para levar um ventinho na Aurora com a esperança de poder voltar. Ali mesmo, com David Bowie saindo pela janela, sentada em um romântico banquinho de madeira às margens do Capibaribe, eu coloquei para fora todo o jantar do aniversário da minha sogra.

O terceiro momento foi em casa. Sempre que posso, coloco fones de ouvido na barriga pra Helô ir se familiarizando com o gosto musical dos pais. Na manhã desta terça, acompanhada de uma tigela de sucrilhos com iogurte, sentei confortavelmente no meu sofá e coloquei Harrison pra embalar minha filhota. All Things Must Pass, pessoal. Aquela coisa, né? Felicidade, hare-hare, gospel, amor, poesia e tudo mais. Depois de umas dez músicas, a barriga deu um salto, endureceu e o café da manhã, que mal tinha entrado, já estava pedindo pra sair.



Então, filha, é bom que tudo isso seja porque você gosta das músicas que papai e mamãe curtem e o sacolejado seja você dançando na placenta. Porque, se for pra ouvir pagode, forró eletrônico, sertanejo ou tecnobrega (nem venham, que brega cabeça é ruim do mesmo jeito), vou te mandar pro convento.

A foto é da já recorrente neste sítio Elle Moss.

Água que grávida não bebe.



É isso aí. Já são quatro meses sem minha gelada querida. Só nos meus 20 anos, quando matei meu pai de desgosto por conta de uma ressaca sem precedentes, passei tanto tempo sem beber. Hoje, sempre que a gente sai é a mesma coisa: eu tento agir normalmente mas, invariavelmente, me pego tirando os olhos do meu copo por segundos na esperança da água de côco virar cerveja quando eu voltar a olhar.

Tenho amigas do estandarte da cachaça que dizem não terem sentido falta de cerveja durante a gravidez. Queria eu chegar nesse nível elevado de espiritualidade, mas meu corpinho, antes de 58 quilos, ainda está apegado a desejos materiais.

Daí, confesso que sair à noite é, muitas vezes, um saco. A farra até começa bem, com todos dividindo o mesmo degrau na relação álcool x conversa, mas no decorrer das horas, quando você vê que dois ou três copos já são seis ou sete, a minha chatice sem a maquiagem da cerveja se faz presente e já não vejo mais graça nos comentários empolgados ou nas risadas sem motivo. Não vou nem entrar no quesito dos sabores, porque nada nessa vida é mais prazeroso que um gole de cerveja bem gelada depois de uma semana de trabalho estressante.

Ah, filhota querida, o que mamãe não faz por você.

Minha gente.

O que eu faço com essa sede toda que não páro de sentir? Jesus-Maria-José!

Boca de lata.

Se alguém souber aqui alguma dica para suavizar o efeito metal que fica no gosto da saliva, eu agradeço muitíssimo. Porque não tem água de côco e maçã que dê conta, meu senhor.

Uma ressaca que durou um mês e meio.



Ok, agora vem a parte chata e nem um pouco mágica da gravidez: a fase dos enjôos. Quem teve sabe do que eu estou falando. Você sente fraqueza, sonolência, gosto de metal na boca, vontade de vomitar, sensação de impotência, impaciência, tontura e um olfato extremamente apurado mas muito pouco seletivo, só detecta cheiro ruim.

E cada um que viesse com uma dica para aliviar o ônus da tão sonhada gravidez. “Chupa gelo, que melhora”. “Cheira casca de limão ralado, que alivia”. “Come salgado misturado com doce, que ajuda”. Nada do que eu fazia surtia efeito e a única receita eficaz era dormir para ver se, pelo menos durante o sono, eu voltava a ser uma pessoa normal.

Claro que essa experiência me ensinou algumas coisas que funcionam mas, veja bem, não são regras nem garantem a satisfação do cliente ou o dinheiro de volta.

- Elimine as sopas da sua vida, a não ser aquelas bem cremosas. Quanto mais líquidos, maior era a minha vontade de vomitar.
- Mesmo não ingerindo líquidos, eu não abria mão da água de coco, que ajudava a hidratar, principalmente nos momentos pós-vômito, que foram poucos, porque eu me recusava a colocar pra fora tudo que comia a custa de tanto sacrifício, mas inesquecíveis.
- Banana de manhã cedo também é uma boa pedida. Não é na vitamina nem amassada com leite em pó. É pura mesmo. Como não tem cheiro forte, a banana não atiça o olfato e ainda dá energia para a fadiga matinal. Agora torça para ela não começar a estragar. Banana madura, para um olfato de mulher-prenha-enjoada, é um alarme poderoso que se percebe do hall de entrada do prédio.
- Aproveitando a dica acima, não deixe as frutas ficarem muito maduras na sua cozinha. Ao menor sinal, retire a casca e leve para a geladeira em potes plásticos ou faça salada de frutas. O cheiro é desesperador, depois não diga que eu não avisei.
- Se o seu marido, assim como o meu, fuma, peça para fazê-lo de varanda fechada e, ainda assim, lavar o rosto depois do cigarro. Só de lembrar eu já tenho contrações no estômago.
- A tentação de comer carboidratos simples (pão, massas, batata) é grande, porque não tem muito cheiro nem paladar, mas vá com calma. Troque pelos compostos (integrais) ou, se preferir, pelas raízes. O efeito é o mesmo e você não corre o risco de transformar tudo que conseguiu comer em açúcar.
- Isso tem em qualquer site de gravidez e é a mais pura das verdades: nunca fique muito tempo de estômago vazio muito menos encha o estômago demais. É enjôo na certa e, no caso da primeira opção, você também corre o risco de desmaiar.
- Tomar derivados do leite à noite também não me ajudava muito. Principalmente iogurtes. Eles fermentavam no estômago e o resto da história dá pra imaginar.
- Maçãs são muito úteis também, porque além de matarem a fome e serem fáceis de carregar, ajudam a limpar a boca. Acredite, você vai ficar com enjôo da própria saliva. Mas quanto a isso não tem muito o que fazer não.

Mas não se aperreie. Essa fase passa rápido e depois o conto de fadas começa. Você começa a sentir, sem que enjôos tirem sua atenção, todo o amor proporcionado pela maternidade. Até alguém como eu, que vislumbrava filhos só depois de rodar pelo mundo com uma mochila nas costas (rá), descobre as maravilhas de ser mãe e um talento todo especial, até então desconhecido, com crianças.

Como diz Serginho, não sei como eu conseguia viver antes sem ter um filho no pensamento.

Ilustração tirada do circus museum.