Eis que, deitada na sala do médico, no meio da primeira ultrassonografia, a mágica acontece. Nem foi preciso ligar o som do aparelho para que aquele pequeno coraçãozinho palpitante, na sua imensa fragilidade, me segurasse pelo pescoço e me mostrasse a verdade do universo. Eu chorei que nem criança, sem saber se ria ou se soluçava, tentando prender a lágrima durante a bronca do pai. Na verdade era um choro diferente. Um choro de alivio, de desabafo, como se, naquele momento, eu estivesse me livrando de todos os pesos da vida. “Ah, Juliana. Se você já está chorando assim, eu nem vou colocar o coração pra você escutar”. Felicidade pura.

Percebi que eu não virei mãe no dia da fecundação. Nem no dia que fiz o teste. Eu virei mãe no dia em que vi meu filho pela primeira vez. Quando eu e o pai dissemos a ele que tudo ia ficar bem. E ele respondeu da maneira mais poética e verdadeira: com o coração. A partir daí, eu comecei a sentir tudo que estava escondido por baixo do carpete da minha racionalidade. Amor, paixão, maternidade, sentimento de família, encantamento e, claro, muito enjôo. Mas aí, é assunto para outro post.
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