Susto.

Ó, só para deixar claro, já já eu entro na parte boa da gravidez, eu prometo. Mas antes dos enjôos entrarem em ação, outra coisa tirou o meu sono: escapes, talvez provocados por algum esforço físico. Para quem não sabe, escapes são pequenos sangramentos que às vezes rolam durante a gravidez e que não necessariamente são sintomas de processo abortivo. É que, durante a fixação do saco gestacional, alguns vasos sanguíneos podem se romper liberando pequenas quantidades de sangue. Não é muito não. Pouquinho mesmo e de cor escura, como no começo ou no final da menstruação. Até aí, tudo bem. O detalhe é que eu não sabia disso e, depois do ocorrido, tudo que acontecia da cintura para baixo era tragédia.

Liguei para a minha obstetra que, por ser objetiva demais e que por isso mesmo virou ex, me disse à queima-roupa: isso pode ser um princípio de aborto. Choro eu de um lado, chora Serginho do outro. Nem o telefonema para Ivana, a progesterona receitada pela médica (até então desnecessária, porque a minha estava bem alta devido ao meu constante consumo de soja) ou as palavras doces dos meus amigos de trabalho conseguiram por de volta o meu pensamento nos eixos.

Isso é castigo (maldito colégio de freiras), Deus não gostou de eu ter me apavorado quando soube da gravidez (maldito colégio de freiras), agora que eu estou feliz e tranqüila vão me tirar meu filho por falta de merecimento (maldito colégio de freiras).



Dois meses de desespero e tensão depois, percebo que o baby nem chegou e já está me ensinando um bocado de coisas. A principal delas está no universo da auto-suficiência: não gosto de incomodar, não gosto de pedir ajuda, não gosto de dever favores, não gosto de me sentir dependente. Eu sou assim. Ou, pelo menos, era. Porque desde que engravidei descobri que as conjugações na primeira pessoa vão para o saco e que fazer tudo em nome da bandeira gravidez-não-é-doença é teimosia, para não dizer ignorância. Que eu, depois de grávida, não posso continuar agindo como se nada tivesse acontecido, dando conta, integralmente, de tudo que cai no meu colo e que esse orgulho todo não vai me levar a lugar nenhum. A não ser pra minha cama, deitada, de molho, rezando e pedindo a Deus, Alá, Buda, Jeová e todas as forças que não machuque o meu(a) filho(a).

Dramas à parte, já estou no segundo trimestre, está tudo sob controle e os riscos maiores já passaram. Tomara.

Essa é uma das fotos lindíssimas de Elle Moss.

4 comentários:

Unknown disse...

Ju, eu também tive alguns sangramentos. E por umas três vezes saí correndo pro Pronto Socorro, como indicava a secretária do meu ginecologista, já que ele não estava e não podia me ajudar. Mas aí, depois da terceira vez, comecei a me acalmar e me tranquilizar. Outra coisa que também acontece com as grávidas é o colo do útero naturalmente ficar mais frágil, sensível e se você tiver algum machucado ele sangrar sozinho, sem motivos e sem riscos. Comigo acontecia assim. Um machucado que por algum esforço a mais como lavar roupa (tirar, colocar roupa na máquina e na secadora, estender no varal, abaixar e levantar demais) me faziam sangrar um pouco. Depois de três corridas desesperadas e desnecessárias ao ps, uma médica fofa explicou isso e me tranquilizou. Assim, quando sangrava um pouco, eu deitava, ficava quietinha, me acalmava rezando e dormia. Dois dias de repouso e pronto: tudo bem de novo!
E um bebê (o Arthur) feliz lá dentro e muito saudável, como mostra o ultra som do primeiro trimestre.
UFA!
Ser mãe é padecer no paraíso desde a gravidez e, pior, a gravidez é ser mãe sem praticar. hehhe
beijos e boa sorte.

julisboa disse...

mulher, depois de apanhar um bocado eu saquei qual era a manha desses sangramentos e relaxei. ainda fico meio noiada com as cólicas constantes, mas sei que também tem um motivo de existir. coisa de libriana, sempre desconfiada do mundo, sabecomé.

:*

Ivana de Souza disse...

Vixe, tem tanta coisa ainda que se aprender com esses serezinhos. Todos os clichês do mundo à parte, é uma transformação feladaputa na gente, por dentro e por fora, na carcaça e na cachola. E eu acho que num acaba mais nunca, visse? Ainda bem.

Unknown disse...

Engraçado que no começo da descoberta (e eu já estava quase com 8 semanas) tb sentia umas cólicas chatas, mas o médico disse que era normal e logo mais iam passar. E verdade! Em uma semana elas pararam e não tive mais!!!! Nada que um buscopan simples não resolvam!
beijos e boa sorte.